segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Como foi sua introdução no mundo da leitura e da escrita?



Cada um de nós temos uma história diferente sobre como aprendemos a ler e a escrever, vamos agora conhecer como aconteceu com as colaboradoras do grupo:

"Meu primeiro contato com a leitura foi da minha mãe contando histórias, me lembro que queria muito conseguir ler os livrinhos para saber o final da história, mas minha mãe gostava de me deixar curiosa. Lembrando agora, minha introdução na escrita foi bastante divertida, meus pais compraram réguas com letras e eu não sabia formar as palavras, mas adorava desenhar as letras, e assim minha mãe ia me ensinando as letras do meu nome e dos meus familiares. Meu aprendizado efetivo de leitura e escrita se concretizou nos primeiros anos da educação infantil, a professora Edna foi muito paciente comigo e abriu o meu mundo, ensinando-me a ler e escrever. Meus primeiros livros foram de várias histórias bíblicas, tinham desenhos lindos e todos com uma moral, eu era apaixonada por estes livros e morria de ciúmes deles.
Hoje adoro ler, não sou muito adepta a livros, mas leio tudo o vejo pela frente, leio manuais de instrução, bulas de remédios, rótulos de embalagens, muitos artigos científicos, guias de viagens, reportagens de sites sobre atualidades e também revistas (adoro a Super Interessante). Vejo a leitura como algo prazeroso e também  como algo que traz o mundo um pouco mais perto de mim. Adoro viajar para lugares que nunca estive presente através da leitura. Atualmente também procuro ler textos em inglês para habituar com esta língua que hoje faz parte do nosso mundo e não tem mais como fugir (Olha que maravilha, através da leitura e da escrita também podemos aprender outras línguas)." 
Luana Molina





"Assim como outras colegas, também sou da época da cartilha "Caminho Suave". Apesar de criticado por muitos, lembro até hoje de como me encantava com os desenhos e os sons que pronunciávamos durante as aulas junto com a professora e os colegas de turma. Os pontinhos que tínhamos que seguir, trazem lembranças da precisão exigida pela professora para "não sairmos da linha", que vez por outra fazia com que apagássemos e refizéssemos tudo novamente, ensinando mais do que ter uma "letra redonda": aprender a criticar o próprio trabalho, encontrar erros e ter persistência em fazer o melhor... A leitura inicialmente inocente, literal, aos poucos passou a enxergar mais do que estava escrito e foi tomando um sentido mais profundo, tornando-se alimento para a alma, para o "ser pensante" que todos nós nos tornamos. Neste caminho, importante foram as atitudes "paidagógicas". Quando percebeu que já líamos palavras, meu pai deu-nos de presente, a mim e minhas irmãs, a coleção "Jóias da literatura infantil", cujas estórias despertavam minha imaginação, que, de tão fértil, chorava, ria e torcia junto com os personagens. Eram estórias tão fantásticas e envolventes que não queria parar de ler antes de ver seu final, e, quando este chegava, ficava repassando a história, pensando nos personagens, nas suas qualidades, defeitos, castigando ou premiando cada um deles. Um pouco mais crescida, em torno dos 12 anos, lembro que meu pai nunca respondia as minhas perguntas de forma clara. Suas respostas eram quase sempre as mesmas: "Procure no dicionário", "Tem ali na estante!"... Com ele aprendi o valor do dicionário e da riqueza contida nas enciclopédias, jornais, revistas e telejornais.  No final do antigo ginásio, lembro de um concurso de redação onde o tema é muito recorrente hoje em dia "O que mais me fez amar o Brasil nestas férias". Senti como se fosse um desafio! Coloquei a imaginação para funcionar e, com ajuda de um atlas e livros de geografia, fui traçando um roteiro de uma viagem fictícia para o Sul do país. Escrever a redação foi um exercício de imaginação e pesquisa e que deu certo! Me rendeu o segundo lugar mais comemorado em toda minha trajetória pela escola primária! Na adolescência, já no ensino médio, lembro-me do professor de literatura que pedia para lermos "os clássicos", fazia chamada oral sobre eles e seus autores. Dessa cobrança, um livro que me encantou foi "Sertões" de Euclides da Cunha. A descrição do sertão e do sertanejo pelo autor era tão detalhada que parecida que sentia a secura do lugar e o sofrimento das pessoas e dos animais. No "Cortiço", conheci o submundo das palavras chulas, prostituição e lugares mal cheirosos. Lembro que ficava envergonhada com algumas passagens capciosas! Nos poemas de Cecília de Meirelles encontrava um cúmplice e confidente para minhas paixões escondidas. Professores, autores, inspiradores muitos dos quais hoje não tenho lembranças de seus nomes, mas que fazem parte do que sou e do que ainda serei, pois somos seres em movimento, aprendentes junto com outros que também aprendem: desenhos e rabiscos que viraram letras, letras se juntaram e formaram palavras, palavras que se transformaram em frases, frases encadeadas em parágrafos, parágrafos contando histórias, e as histórias... fazendo parte de registros do que se passava fora e dentro de mim. Assim como Contardo Calligaris, também acredito que a função essencial da literatura é a de libertar o ser humano. E, nas palavras de Antonio Cândido "As produções literárias, de todos os tipos e todos os níveis, satisfazem necessidades básicas do ser humano, sobretudo através dessa incorporação, que enriquece a nossa percepção e a nossa visão do mundo. [...]. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante."

recomendo:"A LITERATURA INFANTIL NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO LEITOR ". Artigo de Sílvia Cristina Fernandes Paiva e Ana Arlinda Oliveira
Lucimar Miyata



           


"Eu disse que num outro contato contaria o meu segundo momento com a leitura. Foi com minha professora de Língua Portuguesa na 5ª série, com o livro A Ilha perdida. Ela lia um capítulo por semana, era a aula mais esperada, em uma época em que não era fácil ter acesso a livros, e a cidade que morava não tem livraria até hoje, a mais perto seria em São José dos Campos quase 100km de distância, que pra época era um dia de viagem. Vejam que dificuldade! Ela lia, e eu me apaixonava pela história, eu tinha 12 anos e um livro, A Espada Encantada, queria mais... Combinei com meu irmão e meu primo que estudava na mesma sala e contamos pra minha mãe que a professora queria um livro. Ela comprou o meu segundo livro, um mês depois o livro chegou e nunca mais parei de ler, terminei antes da professora, emprestei pra todos da sala e da escola. Li tudo que a autora escreveu, fiz carteirinha na biblioteca da escola, e li os poucos exemplares/romances que a biblioteca possuía, aí fui para a biblioteca da cidade e ganhei o apelido de rata da biblioteca municipal, nunca mais parei de ler, li todos os da série vaga lume, quase todos os clássicos da literatura brasileira, romances, policiais, auto ajuda, literatura francesa, aquela cor de rosa, coleção Biblioteca das Moças, e fui adquirindo os meus próprios livros até chegar a uma biblioteca particular. Meus filhos e sobrinhos sempre usaram a biblioteca para as pesquisas, trabalhos e foram adquirindo também o hábito  da leitura. Livros em minha casa sempre foi presente."
Cleonice Borges


"Fiquei pensando sobre o que escrever e como reportar as minhas memórias de leituras escritas. Ao escutar o depoimento de Gabriel o pensador, parecia que estava falando de mim: nunca tive muita facilidade em escrever/relatar o que tinha vivido ou lido. Lembro-me que o primeiro livro que li, foi a  Peteca sapeca” (Lúcia Pimental) , por volta nos 6 anos.
Com certeza foi um livro marcante , pois lembro-me dele até hoje.Até me lembro de de algumas frases ...” A peteca sapeca pula para cá... A peteca sapeca pula para lá”. E  durante a minha escrita aqui para o Forum , fiquei pensando,porque eu lembrava desse livro, ou melhor desse momento. Imagino então que talvez lembro-me dele pois tinha sido alfabetizada e tinha conseguido ler um livro sozinha. Aí a importância de se incentivar a leitura pelas crianças.. Durante minha adolescência perdi um pouco um gosto pela leitura, pois era quase que obrigada a ler os livros de literatura sugeridos para o vestibular. Não gostava de fazer resumos sobre as obras, apenas alguns livros me chamavam a atenção. Lembro-me também de um poema de Castro Alves , Navio Negreiro, e como me impressionei com sua leitura. Quando Caetano Veloso gravou esse poema em forma de música, achei o máximo. Hoje não me vejo sem a a leitura de um bom livro. Como alguns colegas já citaram e alguns autores também , faço uso desse consumo consciente, compro livro, os empresto e incentivo todos ao meu redor a ler. Eu  acredito que os jovens estão começando a se interessar pela leitura. Temos muitos alunos na escola que visitam a biblioteca semanalmente e que selecionam livros e livros para realizarem a leitura. Esses dias, li para os alunos, em circulo de leitura, o livro as viagens de Gulliver (Swift, Jonathan) do qual se tornou filme a alguns anos atrás. Eles adoraram." 

Profa. Maria Oliveira






Quando fiquei sabendo que tinha que escrever sobre uma experiência minha com leitura e escrita, fiquei meio perdida, e pensei: “que difícil, como eu vou me lembrar de quando comecei a ler?”.

Mas ai fui lendo as experiências no fórum, e é claro, recorri a minha mãe para perguntar o que eu gostava de ler quando criança, e as coisas foram ficando mais claras para mim, e as lembranças e ideias para escrever começaram a surgir. É claro que não me lembro de muita coisa, mas vamos lá a algumas dessas lembranças.
Não consigo me recordar exatamente de quando ou como comecei a ler, escrever, ou de como eram aulas no primário, mas o que me lembro bem era daquela alfabeto bonito e colorido que ficava em cima do quadro negro. Sempre observei muito ele, e como realmente ficou mais fácil associar aquelas imagens na hora de montar uma palavra. A leitura e a escrita vieram naturalmente parece.
Meus pais sempre liam muito em casa, tínhamos estante de livros, mas confesso que para mim passava despercebido. Eu gostava mesmo era de ler gibis. Lia todos os gibis da Turma da Mônica.
Adorava ler a ultima página do gibi, e até hoje tenho essa mania e fico até brava quando encontro um gibi que está lacrado e não consigo fazer isso. Acho incrível a capacidade de um autor em passar uma mensagem em apenas 3 quadrinhos. Também gostava (e ainda gosto) daqueles gibis em que não tinha aqueles balõezinhos com as falas do personagem, era você quem criava a história, era só soltar a imaginação e viajar.
Com o tempo fui lendo outros tipos de literatura infantil, e o que mais me recordo foi o livro “O pequeno príncipe”, e quando teve uma exposição sobre o livro no Vale Sul Shopping me identifiquei muito e tive vontade de brincar lá também com as crianças.
Eu sempre gostei de participar dos teatros na escola, tive uma professora (Andréa) que sempre fazia teatro. Mas eu não gostava de ser um dos personagens, eu gostava de ser a narradora, adorava contar a história, mudar a entonação, dar mais ênfase a determinada frase importante da historia. Eu me sentia realizada sendo a narradora.
Sempre gostei muito de estudar, e olha como o tempo passa. Em 2009 fui trabalhar na mesma escola em que eu estudei do primário até a 8ª série, e a minha professora da 1ª série ainda dava aula lá. Ela adorava me encontrar, e sempre contava como eu era como aluna, que eu sempre sentava na primeira carteira na frente da professora e quando ela chegava eu perguntava o que ela havia preparado para a nossa aula. Ela também me disse que eu adorava escrever, que certa vez ela pediu uma redação sobre os nossos animais de estimação, e eu escrevi várias páginas contando sobre cada um dos cachorros e gatos que tinha em minha casa, e que ainda fiquei ao lado dela esperando ela ler minha redação. A profª Ângela conta essa história para todos sempre que me vê, percebo que ela fica até orgulhosa em ver que sua aluna se tornou uma professora, e que mais do que isso, se tornou uma colega de trabalho.
Bom, esses foram os fatos que eu mais me recordei, gostei de escrever essa experiência, realmente, as vezes a gente não consegue parar para pensar como foi que aprendemos tal coisa.
Hoje eu posso ser as coisas sob outro aspecto, antes eu era a aluna sentada na primeira fileira, hoje eu sou a professora, e tento passar algumas das coisas importantes que ficaram no meu aprendizado para os meus alunos.

                                                                                                             Profª Julia Pazzini Vieira

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